Antologia IX

A menina e o Pai Natal


Ao longe, muitas luzes e cantigas

Já foscas e repetidas.


O homem gordo de vermelho

Desceu pela chaminé,

Com frio e cansado por ser velho

Regalou-se com uma fumegante caneca de café.


Ao longe, muitas luzes e cantigas

Já foscas e repetidas.


Já mais quente olhou para a sala e esperou

Até que viu a árvore num canto.

Além, da porta, uma menina espreitou

Mas o gordo homem não se abalou.


Ao longe, muitas luzes e cantigas

Já foscas e repetidas.


Para se apressar, pensou:

Vou sair por esta larga janela!

Mas trapalhão, no fio das luzes tropeçou

Olhou para a porta, não havia sinais dela.


Ao longe, muitas luzes e cantigas

Já foscas e repetidas.


Lá saiu como pode, e o sino soou

Ainda bem que era uma casa baixa!

Já na rua ao frio se lembrou:

Bolas, a menina pediu-me esta caixa!


Ao longe, muitas luzes e cantigas

Já foscas e repetidas.


Com algum esforço tornou a entrar

Agora com cautela e silenciosamente.

Aquela menina ele não podia dececionar

Sua carta carinhosa não tinha saído da sua mente.


Ao longe, muitas luzes e cantigas

Já foscas e repetidas.


Porque em todos os dias daquele ano a terminar,

Ela foi uma menina exemplar.

O homem gordo de vermelho disso se está a lembrar.

Afinal o desejo do Pai Natal é apenas agradar.


Ao longe, muitas luzes e cantigas

Já foscas e repetidas.


Rita J. Lobo