Antologia V

Ser Mãe

A minha prosa nesta obra
A minha prosa nesta obra

Ser mãe

São tantas as maneiras de ser mãe. A habitual, é ser mãe biológica, no escuro os dois fundem-se e criou-se um ovo. Planeado, simplesmente aconteceu ou a natureza assim o resolveu, porque os bichos não fazem planos: agem, seguem os padrões da mãe natureza.

Quando esse ovo evolui, cresce e se transforma num ser único, então escolhe nascer.

Aí tanto faz, para mãe humana ou animal, a função da sua vida passa a ser apenas uma; proteger, cuidar e amar. Essa é a função de ser mãe.

No entanto, proteger, cuidar e amar, um ser frágil, não é função exclusiva da mãe biológica.

A Marta desejava pertencer ao grupo das «mulheres mães», mas, o seu corpo assim não quis e negou-se. Pensou nas alternativas que tinha ao tal legado de genes, porque no seu coração só existia uma forma de existência, ser mãe.

Adoção e porque não? Papeis, decisões difíceis e passado muito tempo chegou a boa e tão desejada notícia: avaliação da casa da Marta. Eles estavam felizes e confiantes, era uma casa de grande conforto, pronta a receber uma criança.

A campainha tocou, a ansiedade sobrou, mas a porta não demorou aberta e rapidamente se fechou.

Saíram duas pessoas apáticas e carregadas de pastas, no interior dois rostos desiludidos, indignados e com olhos salgados.

Nessa casa de sonho, onde só faltava um desejo, vivia uma gata, uma gata outrora de rua, nessa altura adotada.

A Marta tinha que decidir!

Mas, é tão injusto!

Porquê?

Todo o ser humano que sabe uma letra conhece os benefícios, para uma criança, que resultam da interação com um animal. Aqueles seres humanos não sabiam uma letra…

Mas, a Marta tornou-se mãe, ela queria e sabia: proteger, cuidar e amar.

Assim o fez, e continua a fazer!  


Madalena Gonçalves